A cultura é um assunto que pouco tem interessa-do à Igreja por parecer se tratar de algo alheio ao objetivo da missão. Encara-se a cultura como algo supérfluo, mesmo em algumas situações no meio secular, acreditando-se ser algo de pouca importância por parecer não trazer algum tipo de “lucro” à sociedade
A
cultura de um povo é feita de um conjunto de coisas; é o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das
instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidos
coletivamente, e típicos de uma sociedade.[1]
Vivemos em sociedades, independente da
religião que praticamos, do modo que entendemos a vida, de nossas crenças e
filosofias, do nosso “querer” ou “gostar”, vivemos em uma sociedade. Para nos
relacionarmos com as outras pessoas de nossa sociedade precisamos estar em
sintonia com elas; pra começar, precisamos falar a mesma língua, precisamos comer
os mesmos tipos de alimentos (se você estiver na casa de uma pessoa na China,
por exemplo, e ela lhe servir cachorro assado ou escorpião frito você fará uma
desfeita àquela pessoa? Cachorros ou escorpiões são comidas nobres na china!),
ou, ainda, usar os mesmos tipos de roupas (imagine um africano usando aquelas
roupas coloridas indo trabalhar de recepcionista ou vendedor em uma companhia
aqui do Brasil?) E por falar em roupa, esta questão assombrou os cristãos por
muitos anos e agora têm assombrado os que não são cristãos ao verem alguns cristãos...
Antigamente (pouco mais de vinte anos atrás)
o crente era conhecido pela roupa que usava. Terno e gravata para homens e saia
comprida e cabelos compridos para mulheres. Este era o vestir-se em santidade
da época. Hoje o crente é mais descolado, já anda na moda; o terno ainda
continua, mas não como uniforme e sim como um símbolo de autoridade, poder,
elegância, vitória, supremacia... executivos usam ternos; pastores usam
ternos... Este costume tem causado certo desconforto nas pessoas socialmente
oprimidas. Trabalhadores que ganham salário mínimo em desconformidade com o
preestabelecido na constituição[2],
quando se deparam com homens de terno, sentem-se inferiorizados; e de acordo
com a cultura recebida ele é inferior por que não tem dinheiro, acha que aquele
que está vestido elegantemente é mais importante que ele.
Quanto a este conceito, a Bíblia é muito
clara citando as palavras do próprio Jesus:
Marcos 9:35 Jesus
sentou-se, chamou os doze e lhes disse: —Se alguém quer ser o primeiro, deve
ficar em último lugar e servir a todos.
Marcos 10:45 Porque até o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para
salvar muita gente.
Mateus 18:1 Naquele momento os discípulos chegaram perto de Jesus
e perguntaram: - Quem é o mais importante no Reino do Céu?
Mateus 18:4 A pessoa mais
importante no Reino do Céu é aquela que se humilha e fica igual a esta criança.
Mateus 20:26 Mas entre
vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva
os outros...
Mateus 23:
5 Tudo o que
eles fazem é para serem vistos pelos outros. Vejam como são grandes os trechos
das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços! E
olhem os pingentes grandes das suas capas!
6 Eles preferem
os melhores lugares nos banquetes e os lugares de honra nas sinagogas.
7 Gostam de ser
cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de “mestre”.
8 Porém vocês
não devem ser chamados de “mestre”, pois todos vocês são membros de uma mesma
família e têm somente um Mestre.
9 E aqui na
terra não chamem ninguém de pai porque vocês têm somente um Pai, que está no
céu.
10 Vocês não
devem também ser chamados de “líderes” porque vocês têm um líder, o Messias.
11 Entre vocês,
o mais importante é aquele que serve os outros.
12 Quem se
engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido...
Portanto é preciso muito cuidado quando
se absorve a cultura mundana achando que se está agindo conforme a cultura
cristã. Quando eu disse que alguns tipos de roupas usadas por cristãos assustam
alguns não-cristãos, é por que, como foi exposto acima, este não-cristão se
sente inferiorizado e desconfortável na presença ou entre cristãos “elegantes”.
A Cultura e
a “Igreja”
A cultura é um assunto que pouco tem interessado à
Igreja por parecer se tratar de algo alheio ao objetivo da missão. Encara-se a
cultura como algo supérfluo, mesmo em algumas situações no meio secular,
acreditando-se ser algo de pouca importância por parecer não trazer algum tipo
de “lucro” à sociedade e, a partir deste pensamento, tem-se criado uma espécie
de sub-cultura industrializada com o intuito de suprir a necessidade de
entretenimento da população, formando-se assim uma sociedade alienada, com relação
ao verdadeiro objetivo da cultura que é o de educar, formar cidadãos intelectualmente
ativos e o de entreter com conteúdos saldáveis para a formação de uma sociedade
solidária no que se refere à vida comunitária bem como a preservação da família.
Um outro fator agravante para o desprezo pela cultura por parte da Igreja, é a
tendência de “demonizar” ou “sacralizar” certos tipos de manifestações
culturais, confundindo-se expressões artísticas ou costumes com expressões
religiosas e espiritualidade.
Analisando-se dois textos realmente impressionantes,
um trecho da carta de um cristão da Igreja primitiva endereçado a um certo Diogneto e um trecho da Apologética de
Tertuliano, podemos observar a
importância da cultura para a missão da Igreja. A carta parece ter sido escrito em Alexandria, por volta do ano 200. O autor faz
uma vibrante apologia do cristianismo para seu destinatário pagão:
Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem
pelo país, nem pela linguagem, nem pelo vestuário. Eles não habitam cidades que
lhes sejam específicas, não fazem uso de um dialeto extraordinário e seu modo
de vida nada tem de singular [...] Eles se distribuem pelas cidades gregas e
bárbaras, aceitando a parte que lhes cabe; amoldam-se aos usos locais no que se
refere às vestes, à alimentação e à maneira de viver, embora manifestem as leis
extraordinárias e verdadeiramente paradoxais de sua república espiritual....
A
Apologética de tertuliano foi escrita por volta do ano 197dC
[...] Vivemos convosco, temos o mesmo alimento, as
mesmas vestes, o mesmo tipo de vida que vós, estamos submetidos as mesmas
necessidades da existência. Não somos brâmanes ou faquires da Índia, habitantes
de florestas ou exilados da vida [...] Freqüentamos vosso fórum, vosso mercado,
vossos banhos, vossas oficinas, vossas lojas, vossas hospedarias, vossas feiras
e os demais locais de comércio; nós habitamos este mundo como vós. Convosco
navegamos, convosco servimos como soldados, trabalhamos a terra, comerciamos
[...]
Um texto da palavra de Deus que muito se
encaixa a estes textos é o de Colossenses
2:20-23. Vejamos:
Vocês
morreram com Cristo e por isso estão livres dos espíritos maus que dominam o
Universo. Então, por que é que vocês estão vivendo como se fossem deste mundo?
Não obedeçam mais a regras como estas:
21 “Não toque
nesta coisa”, “não prove aquela”, “não pegue naquela”.
22 Todas essas
proibições têm a ver com coisas que se tornam inúteis depois de usadas. São
apenas regras e ensinamentos que as pessoas inventam.
23 De fato,
essas regras parecem ser sábias, ao exigirem a adoração forçada dos anjos, a
falsa humildade e um modo duro de tratar o corpo. Mas tudo isso não tem nenhum
valor para controlar as paixões que levam à imoralidade. (NTLH)
Aqui o apóstolo Paulo nos dá uma explanação
muito clara de como devemos agir para com as coisas do mundo: como coisas
efêmeras. Se nossa pátria não é aqui neste sistema de coisas, como bem disse o
autor da carta acima citada, por que deveríamos agir para com as coisas deste
mundo como se elas fossem de alguma importância? Como se tivessem algum poder
mágico de nos desviar da fé em Cristo ou nos levar a pecar contra Ele? Como bem
disse Jesus: O que contamina o homem não
é o que entra nele, mas o que sai... É o seu mau pensamento, o seu mal
desejar que irá dizer se ele peca ou não e não o que ele manuseia, usa, come,
bebe ou escuta.
Contudo a Igreja passou a impor um calhamaço
de proibições aos crentes quando percebeu seu poder de manipulação e quando
notou que poderia se tornar um Império Cultural Universal, influenciada pela
lógica de mercado: a criação de um mercado evangélico com produções de
sub-culturas mundanas!
Se não somos deste mundo, não devemos nos preocupar
com a cultura alheia; nem, tampouco, criar uma sub-cultura mundana com aparência
de piedade. Hoje é corriqueiro observarmos a Igreja importando a cultura
mundana para si e a “ungindo” para que se torne gospel. Mas é importante identificarmos o que é cultura, cultura
mundana, e cultura cristã, para podermos entender exatamente o que acontece
dentro das instituições concernente as suas práticas opressoras cultural.
Mundanismo, Cultura e Religião
João
17:15,16 - Não peço que os tires do mundo, mas que os
guardes do Maligno.
Assim como eu não sou do mundo, eles também
não são.
O protestantismo, em sua maioria,
levando-se em consideração que brotaram várias linhas teológicas, acabou
optando por um extremismo de negar a natureza humana e carnal, tentando, sem
sucesso, viver uma vida “fora do corpo”. Há grupos protestantes que vivem este
dualismo, separando a alma do corpo, o sagrado do profano, dividindo o ser humano,
como pessoa integral que é, em duas partes distintas: corpo e espírito. Ora,
não há duvida que o homem seja composto de corpo e espírito, no entanto um é
intrinsecamente ligado ao outro, não se podendo fazer distinção entre um e
outro, no que se refere à vida na Terra, pelo menos durante nossa jornada neste
mundo. O perigo da doutrina dicotômica, é que ela acaba justificando uma vida
sem responsabilidades para com a vida material. Este perigo se reflete na
negligência da prática das boas obras (justiça social) e em um desprezo por
tudo o que diz respeito ao econômico, social, cultural e ambiental. Como o
próprio Jesus disse: “não somos deste mundo”, porém vivemos nele, ou seja, não
pertencemos ao sistema deste mundo decaído, mas pertencemos ao sistema do reino
de Deus, e o reino de Deus é: Justiça, paz, fraternidade, igualdade... Enfim,
equilíbrio. O Reino se reflete na pessoa quando ela pratica o fruto do
Espírito:
(Mas o Espírito de Deus produz o amor, a
alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade
e o domínio próprio. E contra essas coisas não existe lei.) Gálatas 5:22,23.
Cada qualidade do fruto do Espírito denota uma ação que encontra a sua solução
na prática do cristão no mundo. Não há como praticar o fruto do Espírito, sem
ser através da carne, pois o homem pratica o amor, ou caridade, a outro homem;
o homem sente alegria, ou gozo, no seu corpo; o homem sente e pratica a paz no
seu ambiente de vivência; o homem pratica a paciência, ou longanimidade, para
com outro homem ou situação no seu meio de vivência; o homem pratica a delicadeza,
ou benignidade, para com todo o sistema de coisas criadas por Deus; o homem pratica
a bondade para outro homem ou criatura de Deus; o homem demonstra fé através de
suas obras por meio de seu corpo; o homem é manso para com outro homem; a
fidelidade é praticada mantendo a prática, inalienável, no que se refere aos
mandamentos de Jesus: “amai uns aos outros... faça aos outros o que gostaria
que fizessem com vocês...”; a humildade só se pratica para com outro e, por
fim, exerce a temperança ou domínio próprio, que só se pratica diante das
coisas deste mundo.
É impossível viver, literalmente, como um
espírito, quando ainda temos um corpo e habitamos este mundo material com seus
sistemas de coisas. Dentre estas “coisas” estão a cultura. A cultura de cada povo
tem suas particularidades, e a tentação de sacralizar ou demonizar uma determinada
cultura pelos cristãos através de toda a história da igreja, tem sido uma pedra
de tropeço para a propagação do evangelho. A prática do cristianismo se reflete
no exercício da Ética Cristã, e a Ética Cristã não tem nenhuma relação com as
diversas manifestações culturais ou costumes dos povos, a não ser que estes
firam a Ética. Por muitas vezes os cristãos têm associado a cultura de um povo
(músicas, danças, literatura, vestes, formas de moradia, transportes, modelo
econômico/político, língua, forma de expressão, forma de culto religioso...)
à sua religiosidade, pregando que somente aquela determinada cultura é o padrão
de santidade para o cristão, como é o caso da supervalorização da cultura
estadunidense (norte americana) na igreja latino-americana. Grifei “Culto
Religioso”, por ser este, também, uma forma de expressão da cultura, não tendo
nenhuma associação com as manifestações espirituais, podendo, sem nenhum prejuízo
a fé cristã, ser incorporado ao Culto a Deus, na expressão do cristianismo,
tendo, tão somente, o cuidado de se desprezar o culto a outro deus qualquer, ou
seja, pode-se celebrar o culto a Deus através de elementos culturais das
religiões africanas (batuques e danças...), orientais (músicas, vestes, danças,
expressões corporais...), catolicismo romano (rituais, como expressões
artísticas e poéticas,desde que o cultuado seja somente Deus e Jesus), protestantismo
tradicional, protestantismo pentecostal ou qualquer outra religião em que haja
manifestações artísticas como forma de Louvor ao único Deus e senhor, Jesus
Cristo, cuidando-se apenas de não ferir a Ética Cristã, manifestada na prática
do amor, não ferindo a integridade pessoal ou espiritual do próximo ou a si
mesmo (sensualidade, agressão física/moral, indução ao culto a outros deuses,
prática do individualismo/egoismo...)
Raciocinando-se desta maneira,
encontra-se a solução para a identificação do que é “mundano” apenas observando
o conteúdo Ético/Moral do cristianismo, exercendo-o como verdadeira e única religião (Tiago 2:27), pois a corrupção do mundo
acha-se na não observância do Fruto do Espírito e, por conseguinte, no egoísmo
e individualismo encontrado, até mesmo, em grupos religiosos cristãos que,
abstendo-se das práticas “mundanas”
(culturais), praticam a “espiritualidade” do ego, onde o que vale é o sucesso
do indivíduo e não do coletivo, caindo assim, em uma prática ati-Ética-Cristã,
onde a salvação e a prática cristã é
somente individual. Mas a Ética Cristã reza que a salvação é individual e pela
fé, mas a prática cristã é coletiva e o julgamento é pelas obras.
Como o cristianismo não se identifica por
uma prática religiosa, mas sim pela observação da Ética-Cristã (mandamentos de
Jesus), pode-se concluir que o cristão deve se preocupar com a construção de
uma sociedade justa, igualitária e praticante dos bons valores. O papel da
igreja é o de transformar a sociedade oprimida por sistemas injustos, através
da pregação do Evangelho da salvação e da libertação; e refletindo-se no âmbito
da cultura, podemos entender que não existe uma cultura cristã, pois o cristianismo
não é uma nação, no aspecto secular, mas sim um modo de vida ético no que se
refere aos ensinamentos de Jesus. Se o cristão deve se adaptar a qualquer
cultura, sem se preocupar com a forma de viver dos povos cuidando apenas para
não ferir os princípios cristãos: amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre
todas as coisas; fazer ao outro o que se quer que se faça a nós mesmos..., não
ferindo a integridade pessoal ou espiritual do próximo ou a si mesmo:
sensualidade, agressão física/moral, indução ao culto a outros deuses, prática
do individualismo/egoismo... então, entendemos que a cultura é de grande
importância para a atuação da Igreja na pregação do Evangelho.
Se não existe uma cultura cristã e se o
cristão deve zelar pelo bom desenvolvimento das sociedades, contribuindo para
as políticas de justiça social, ambiental e cultural, então se entende que o
cristão deve ajudar a promover a cultura à todos, não apenas a cultura de gueto
(cultura gospel), mas a boa cultura a todos os membros da sociedade. Assim como
na política o cristão não deve ser parcial, defendendo os direitos apenas de
seu grupo religioso, mas fazer política à toda
sociedade, da mesma forma deve-se produzir cultura a todas as esferas da
sociedade, zelando para o cumprimento da constituição e lutando contra as
sub-culturas imperialistas ou culturas de massa, onde se é veiculado produtos
culturais de baixíssima qualidade preocupando-se apenas com o lucro do produtor
dessa cultura alienada e alienante.
A produção cultural deve atender os
requisitos previsto na constituição, quanto a sua veiculação:
Art. 221 da constituição federal: A produção e a
programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas,
culturais e informativas;
II – produção da cultura nacional e regional e estímulo
à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
VI – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
da família.
Portanto, toda a cultura produzida pela
Igreja deve atender estes requisitos, que não são apenas mundanos, mas está
explicitamente de acordo com a ética cristã. Porém o que se tem observado é uma
produção gospel de baixa qualidade cultural, imitando o mesmo sistema de
produção cultural mundana, cuidando-se apenas em “sacralizar” esta produção a
batizando-a de “gospel”, apenas por conter palavras como: Jesus, salvação, pão,
libertação, comunhão, vitória, prosperidade... mas que na sua essência pouco
tem de educativo, poético, informativo, regional... limitando-se apenas à
frases repetitivas e hipnotizantes (no caso das músicas) como o recitar de um
mantra (que não é música, e sim prática religiosa oriental).
A
solução, então, para a cultura cristã, se assim se deseja falar, é o de não
criar uma cultura cristã (de gueto), mas sim contribuir para uma produção cultural
de qualidade para toda a sociedade, agindo-se assim como um agente de
libertação, que é o papel da Igreja, e não como um agente de alienação e exclusão,
como se tem observado atualmente.
[1] Minidicionário
Aurélho. Editora Nova Fronteira, 3º edição
[2] Art 6º - IV
da constituição Federal – Salário
mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim.
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